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sábado, 22 de novembro de 2014

Quando o frio aperta!

Não contava fazer o post sobre treinar ao frio tão cedo, mas tendo em conta as condições climatéricas desta semana, acho que estava mesmo a pedir.

Apesar de nas semanas anterior já se terem sentido temperaturas negativas esta semana foi demais.

Terça-feira era dia de bidiário e às 6 da manhã já estava à porta de casa pronto para ir começar. Mas antes de isso acontecer ainda ponderei bastante se o ia fazer ou não. É que quando olhei para o telemóvel para ver qual a temperatura que estava dizia -13º C!

E sabem como nos dias de primavera ou verão está uma certa temperatura mas que com os factores envolvente (humidade, vento, etc) a temperatura que nós sentimos é maior ou menor? Pois bem, segundo os dados da metereologia aqui, devido à neve que caía e ao vento que se fazia sentir (50 km/h) a temperatura que iríamos sentir seria semelhante a -27 ºC!!!

Ora sabendo o que me esperava tinha de me vestir apropriadamente para ver se não ficava congelado a meio do percurso.

A vestimenta que tenho para este tempo é constituída por uma camisola interior térmica (utilizada em desportos de neve) que comprei em França por estar em promoção. As minhas velhinhas calças térmicas que já fizeram centenas de kms a acompanhar-me. Depois outro par de calças, mas estas eram impermeáveis para ver se ajudava um pouco a cortar o vento. Além disso mais uma camisola grossa de corrida e por fim o impermeável que vai sempre comigo quando esteja o mínimo de frio.
Além disso ainda meto 2 pares de luvas e a lanterna para poder ver onde ando.

A semana passada chegou-me o meu último acessório: uma balaclava. A ideia é boa: proteger a cara e deixar apenas espaço para os olhos mas para mim durou 5 minutos. Isto porque assim que comecei a correr estava quase a desmaiar devido à falta de oxigénio. Posto, isto tive de tirar a balaclava e correr sem nada na cabeça.

A balaclava. Sempre fica para se usar na rua já que não posso usá-la nos treinos.
Um pequeno aparte: parece que anda tudo maluco com as 50 sombras de Grey. Se conhecerem alguém que goste do género e que goste de correr ofereçam-lhe uma balaclava e digam para ir correr 10 minutos para a rua. Imagino que algo do género de auto-asfixia erótica é capaz de acontecer durante o treino. Fica a sugestão... :)

Ora, depois de ter saído de casa, ter começado a correr e ao fim de 5 minutos ter tirado a balaclava até nem me sentia muito mal. O problema foi quando desci para o parque onde costumo fazer uma volta pequena. Mas acabei a descida tinha neve pelos tornozelos, mas teimoso como sou decidi fazer o restante km a pensar que se calhar aquilo melhorava lá para a frente. Na verdade melhorou quando saí do parque mas só a parte da neve, porque quando fiz o retorno para regressar ao ponto de partida apanhei com o vento tudo de frente e com a neve toda a bater-me na cara.

Nessa altura pensei que me fossem cair as orelhas porque estas já me estavam a arder do frio e foi assim com aquele vento todo e eu a esforçar-me ao máximo para que os 2 km naquele segmento acabassem que tive de me meter em modo sofrimento para passar nessa zona. Note-te que quando digo que me ia a esforçar ao máximo estava  a fazer ritmos de 5:00 ou 5:20 ao km. Só para terem uma ideia do giro que foi.

Assim que passei essa parte e deixei de sentir o vento de frente foi carregar no pedal até casa. Novamente carregar no pedal implica ir um pouco abaixo dos 5:00 ao km porque com tanta neve fico a fazer uma espécie de treino em areia.

No treino da tarde estava planeado fazer 10 rampas de 100 metros e a zona que eu escolhi para as fazer distava cerca de 20 minutos a correr. O vento e o frio continuaram o dia todo (-13 ºC de temperatura e sensação de -27 ºC), o problema agora é que a neve caía ainda com mais intensidade e muito mais pequena. Quando uma pessoa vê isso nos filmes até pensa que é giro, agora quando é para ir treinar/trabalhar ou algo do género já não fica com essa ideia.

Após chegar a meio do percurso fui obrigado a voltar para trás. Além de não conseguir ver um metro à minha frente o vento era tanto que parecia que estava a andar e não a correr. Mal me virei para lado oposto foi desatar a correr sem esforço por causa do vento que me empurrava. Acabei por fazer as rampas noutro sítio sem bem que na modalidade de esqui alpino pois eram rampas + neve + frio tudo ao mesmo tempo.

Outro problema crítico é além da neve é o gelo que se encontra na estrada. Por esse motivo os treinos de corrida contínua têm sido um problema porque a maior parte do tempo estou a tentar manter o equilíbrio, daí que não dê para fazer os ritmos inicialmente previstos.

Na quinta era dia de treino intervalo em pista, ou pelo menos era isso que eu esperava. Assim que saí de casa para aquecer fui directo à pista ver como estava. Mas haver pista era mentira, uma camada de neve com mais de 20 cm tapava-a completamente e nem um vislumbre das marcações. Resultado: treino intervalo feito na passadeira do ginásio. Claramente que não é o mesmo, mas tem de servir para remediar.

À tarde as estradas já estavam um pouco mais limpas e depois para fazer um treino ligeiro de corrida antes de ir fazer trabalho de pliometria.

Outra coisa que agora me tem acontecia é acabar os treinos com a cara gelo com barba, pestanas incluída. Tentei tirar uma foto a mim próprio mas o tempo de chegar ao telemóvel faz com que o gelo derreta. Fica uma foto que é bastante semelhante.

Não sou eu, mas garanto que quando acabo de treino estou igual! :)
E pronto fica aqui um gostinho sobre como é treinar nesta temperaturas negativas. Em princípio as temperaturas irão subir um pouco (para -2/-3 ºC) e o neve deve derreter, pelo que será para aproveitar para fazer treinos a ritmos mais alto, enquanto o inverno não chega de modo definitivo.

E mais um pequeno aparte que não tem nada a haver com isto, mas que ajuda a pôr as coisas em perspectiva: percam, ou melhor ganhem 12 minutos a ver este pequeno documentário. É por estas coisas que se percebe que queixar porque está demasiado frio ou chuva é algo menor quando comparado com outras coisas. Vale tanto a pena ver.



Até ao próximo post, bons treinos e melhores corridas.

João

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

RememberRun 8 km - Porque recordar também é viver

Tal como o nome indica esta era uma prova para recordar. Neste caso os combatentes participaram nas Guerras pelo Canadá.

Num dia que começou naturalmente frio apanhei boleia de uma portuguesa que vive perto de mim (Natalie) e lá fomos para a prova em amena cavaqueira na nossa língua materna.

Depois de um aquecimento e de fazer alguns exercícios de técnica de corrida fui para a linha de partida onde iriam ter início as cerimónias que marcavam este dia. Após ter sido cantado o hino e de um responsável pela organização ter feito um pequeno discurso sobre o significado daquele dia estava tudo pronto para começar mais uma prova.

Tal como habitualmente havia 2 provas distintas a decorrer em simultâneo: 5 e 8 km. Os percursos eram semelhantes até ao quilómetro 3.5 e depois cada prova seguia em caminhos diferentes. No percurso dos 8 km (aquele que eu fiz) tínhamos cerca de 6 a 6.5 km em alcatrão num percurso não muito sinuoso e cerca de 1.5 km em corta-mato.

Nesta prova além dos habituais atletas de pelotão havia 2 estrelas que se decidiram juntar à festa: 2 atletas olímpicos pelo Canadá (um homem e uma mulher). Só por aí já se sabia como iria acabar a corrida e a questão era ver quem perdia menos tempo para eles :)

Imediatamente antes de se dar o tiro de partida calhou de passar um comboio de mercadorias exactamente onde a prova ia passar. Então lá estivemos cerca de 3 minutos a olhar para um comboio que nunca mais acabava à espera que tivessemos o caminho desimpedido.

Assim que foi dado o tiro de partida os atletas mais rápidos dos 5 km foram para a frente. A minha estratégia para este dia passava por fazer um treino a um ritmo forte do início ao fim pelo que tentei sempre meter o pé no acelerador.

Após o 1º km tinha comigo outros 3 atletas, sendo que 2 deles já eram meus conhecidos - o Nick que veio sempre comigo na Oktoberfest e a Erin que nessa prova também se aguentou até cerca dos 8 km. Como o meu objectivo era tentar forçar o andamento o mais que podia após o 1º km fui para a frente do grupo e à entrada para o 2º km tentei dar um puxão para ver se eles conseguiam seguir comigo ou não. Como não descolaram lá fomos todos por ali fora.
Já a liderar o grupo onde me encontrava.
Entretanto não sabia bem em que posição me encontrava pois não sabia quem é que estava a correr os 5 ou os 8 km. No entanto, a atleta olímpica estava no meu campo de visão o que nem era muito mau.

Aos 3.3 km houve a separação das corridas e foi aí que se começou a fazer uma das parte do corta-mato. A chuva que caiu na noite anterior tornou o chão muito instável e foi uma luta para não cair ou tropeçar nessa zona. O resultado foi que o ritmo baixou um pouco e ainda consegui pontapear-me uns quantas vezes por perdas momentâneas de equilíbrio.

Após sairmos dessa secção ainda continuávamos todos juntos comigo a liderar o grupo.
Após cerca de metade da prova concluída.
À entrada para o 6º km e aproveitando uma ligeira subida aproveitei para tentar distanciar-me do grupo onde estava pois não queria ter outra vez a surpresa de estar a prova toda a puxar por alguém e depois perder posições por causa disso.
Altura do ataque perto dos 6 km.
Foi uma boa decisão pois ninguém conseguiu responder e deu para eu sair por ali fora. Nesta altura já não vinha ninguém à minha frente a não ser os atletas dos 5 km que estavam a ser dobrados, mas sabia que tinha atletas com avanço sobre mim.

No último km, sem saber se tinha alguém perto de mim ou não, nova mudança de ritmo para manter-me fiel ao plano traçado para este dia. A meta estava à vista e desta vez não me ia deixar ser ultrapassado no final!
Uff! Mais uma prova de preparação bem sucedida.
Acabei os 8 km da prova em 29:30 o que dá um ritmo de 3:40 / km. Tendo em conta a zona de corta-mato que apanhámos e o percurso que era dou-me por satisfeito com este resultado. Mais detalhes da prova podem ser consultados no Garmin ou no Strava.

Em termos de classificação acabei por ficar em 4º da geral e em 1º do escalão, o que deu direito a mais uma medalha para juntar à colecção canadiana :)
Naturalmente que a prova foi ganha pelos atletas olímpicos sendo que em masculinos tirou 4 minutos ao recorde da prova e em femininos 3 minutos. Outros andamentos portanto!
Mais uma medalha e esta é daquelas bem engraçadas!
Após a prova foi tempo de fazer uma massagem de comer para recuperar as forças. Foi bom conviver mais uma vez com parte dos atletas que fizeram comigo a ENDURrun os quais fazem sempre uma festa quando se reúnem.

Esta semana começa nova fase dos treinos com introdução de treinos intervalados e de rampas. Em princípio farei mais 2 provas aqui antes de regressar a Portugal, sendo que numa delas pretendo usá-la como verdadeiro teste à minha forma após cerca 3 meses de treinos.

Até lá deverei fazer um post sobre os treinos ao frio que vou fazendo aqui, pois as temperaturas negativas já se sentem e penso que será giro escrever sobre isso.

Até lá, bons treinos e melhores corridas.

João