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quarta-feira, 27 de julho de 2016

Dirty... Parte II

Bem depois da primeira parte da secção "Dirty" vem agora a sua continuação.

Como tinha dito no post anterior quando cheguei aqui ao Canadá andei a ver se havia alguma prova que eu pudesse encaixar no tempo que cá estava com duas condicionantes: os meus treinos andavam a ser feitos com pouca intensidade (apenas um treino mais ou menos rápido por semana) e pouco ou nada havia de treinos longos (sendo que desde o recomeço depois da lesão o treino mais longo tinha sido de 19 km sem forçar).

Ora tudo muito bem encaminhado para ter dado por terminada a época de provas após a Dirty Dash quando recebo no facebook uma mensagem do Dave Rutherford a dizer que tinha alterado uma prova de ultra running dele e que me poderia dar boleia para essa mesma prova mas num formato de menor extensão.

Fui investigar e vi que esse formato menos eram 32 km em trail. Lembram-se de eu ter dito que o treino mais longo tinha sido de 19 km certo? O que é que uma pessoa deve dizer nessas situações? Não obrigado e fica para a próxima. O que é que o menino aqui disse? Claro que vou! O que é que pode correr mal?

Com menos de uma semana para me "preparar" em que consistiu o meu menu de treinos da semana? Simplesmente rodar devagar para tentar chegar à prova com a energia reposta. Sabia que o mais provável era que ficasse sem pernas a meio da mesma, mas a verdade é que depois do tal treino de 19 km (que passou por zonas com muitas subidas) deveria chegar até aos 20 e poucos kms sem grandes dificuldades. Daí para a frente logo de veria como seria.

Dia da prova e toca a sair de casa à 6 da manhã para cerca de 1 hora e 45 de viagem até à partida na companhia do Dave. Viagem tranquila, em cenários rurais com longas rectas e que passou num instante.

Nesse dia estavam previstos 30 e poucos graus e muita humidade pelo que a hidratação seria algo fundamental. Esta prova seria composta de 4 voltas de 8 km num percurso de trail (sempre corrível mas em constante sobe e desce) e que tinha 2 subidas duras em cada volta.

Depois da partida das provas de 6, 12 e 24 horas iríamos ser nós a arrancar. Sabia que havia 1 atleta que ia lá para rebentar com aquilo e logo se pôs de parte a ideia de alguém tentar ir com ele. Depois haveria o Neil e o Dave, onde já tínhamos protagonizado um duelo interessante em 2014 na Horror Hill trail run e que eu acabei por ganhar. Além disso iria estar também o Justin que costuma andar ao ritmo do Dave e companhia.
Yeah! Correr 32 km sem preparação! O que pode correr mal?
Assim que se dá a partida tive de decidir ou ia naquele grupo (que estava bem mais preparado para a prova que eu) ou  iria fazer a grande maioria da prova sozinho. E qual foi a escolha? Claro que vou atrás deles. Como pode isso ser uma má opção?

Como esperado ficou o nosso grupinho isolado com 2 atletas à frente que partiram logo muito forte. Até aos 4 kms fui sempre no fim do grupo a tentar estar o mais relaxado possível, nunca forçando nas descidas por via que nas subidas recuperava alguma distância perdida a descer.

No abastecimento dos 4 km fiz uma paragem mais rápido que os outros atletas para beber alguma coisa e fiquei na frente do grupo sempre à espera que alguns dos outros 3 colegas viesse para a frente marcar o ritmo. Tal acabou só por acontecer na entrada para o meta numa ligeira descida.

Depois de apanhar mais um bocado de abastecimento na meta fiquei novamente à frente do grupo e lá fomos os 4 sempre juntinhos para mais uma volta. Aqui não houve nada de especial a acrescentar apenas que o calor ia apertando cada vez mais.

Ao fim da segunda volta fui apanhar um gel pois anteriormente já me tinha dado bem com aquilo. Só que isso tinha sido em 2014 e não sabia se o meu corpo iria reagir muito bem a isso. Bom, logo se via como isso corria, mas a verdade é que a minha barriga começou logo a fazer barulhos não muito tempo depois de ingerir o gel.

No fim da terceira volta estávamos apenas eu, o Dave e o Neil e lá fui eu novamente buscar mais um gel e no caminho acabei por mandar um pontapé numa tenda que por sorte não me fez cair nem a desmanchou toda.

Até à entrada para a 4ª volta estava quase tudo a correr bem: pernas soltas mas um pouco pesadas e estava a conseguir seguir no ritmos do Dave e Neil. O único senão era a minha barriga que dava cada vez mais sinal que alguma coisa não estava muito bem. Mas já só faltavam 8 km e isso faz-se num instante certo?

Não, não faz. Passei mal, muito mal mesmo entre os 26 e 28 km. Houvesse uma merceria no meio da prova tinha ido lá direitinho, mas não havia e à custa de muito poder da mente lá meti na cabeça que já estava mesmo quase a acabar a prova. Neste altura já o Dave e o Neil tinham ido embora pois tive de reduzir um pouco o ritmo para poder chegar ao fim da prova. Qual não é a minha surpresa quando ainda antes do último abastecimento torno a apanhar o Neil que por sinal já vinha em perda também.

Seguimos juntos e passado um pouco apareceu o Justin que fez uma bruta recuperação. O Neil aproveitou a boleia e seguiu com ele eu deixei-me ficar um pouco mais atrás.
Socorro que isto nunca mais acaba!
E eventualmente acabei por chegar à meta no 6º lugar da geral e em 1º do escalão. Depois aí é que foram elas, passei mal da barriga o que me obrigou a estar a repousar umas 2 horas só à espera que o estômago deixasse de andar aos saltos. Acho que a minha cara de sofrimento é bem visível aqui.
E esta cara de sofrimento?
Valeu a pena? Sim, a corrida era porreira tudo corrível e no final ainda deu para lembrar mais uma lembrança para casa. Fica para recordação que não devo fazer este tipo de aventuras sem o mínimo de preparação. Não correu assim tão mal quanto isso, mas nunca se sabe da próxima vez.

E pronto foi uma boa maneira de terminar a época!

Bom treinos e melhores corridas! :)

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Dirty... Parte I

Bom já cá não punha os pés há imenso tempo. E porquê? Bem uma lesão estúpida (não sei como apareceu nem como acabou por ir embora) deitou por terra toda a temporada numa altura em que me sentia extremanente bem e a fazer treinos de qualidade.

Foram quase 2 meses parado até ao início de Maio e basicamente daí para a frente limitei-me a fazer treinos de corrida contínua a ritmo confortável para ir ganhando confiança e para não ficar uma bolinha. Uma vez por outra lá ia dar um salto à pista para fazer de pacemaker ao Rodrigo e sempre dava para apertar um bocadinho mais em termos de velocidade.

A ideia seria só andar nesta vida até ao fim da época, mas depois vim dar um salto ao Canadá e bem lá comecei a procurar uma prova para fazer.

É engraçado que mesmo passado dois anos de ter cá estado muita gente me reconhece quando vou a fazer voltas mais longas e fazem mesmo questão de parar o treino (ou o carro) para vir falar comigo.

Mas quanto às provas: depois de indagar o pessoal aqui da zona vi que a minha única possibilidade era fazer a Dirty Dash que já tinha feito na última vez que cá estive.

Ora quando uma pessoa não tem carro tem de arranjar maneira de dar a volta ao problema... só que o problema é que autocarros também não havia. Solução? Correr de casa até ao início da prova e esperar que este super aquecimento não deixe muitas marcas durante a prova.

Depois de galgar os cerca de 8 km até à prova com algumas subidas puxadinhas foi tempo de dizer alguns "olás" aos meus conhecidos e ir para a meta, pois tinha feito as contas para chegar com cerca de 5 minutos de avanço para o início da prova.

Partida dada e rapidamente um atleta se coloca no 1º lugar e logo vi que não ia ter pernas para o acompanhar pelo que o deixei ir. À medida que vamos progredindo na prova o terreno em constante sobe e desce em terra batida ou relva apresenta alguns obstáculos extra, nomeadamente passar 2 vezes um rio

Sabendo da minha aptidão naturalmente para a transposição de obstáculos tentei descolar o máximo possível do 3º classificado ganhando uma vantagem de cerca de 50 m. Mas veio a primeira travessia e logo o senti a colar-se a mim. Novo esticão e mais um pouco de vantagem ganha e aquando da 2ª passagem pelo rio, onde é preciso passar por cima de um tronco, essa vantagem foi toda ao ar novamente.
Final da 1ª volta (Foto de Julie Schmidt)
Terminada a primeira volta mantinha-me em 2º lugar e tentei novamente forçar o andamento porque sabia que da maneira como estava a perder tempo nas transposições da água mais cedo ou mais tarde ia ficar para trás. Acabou por ser mais tarde do que mais cedo: na 2ª travessia da 2ª volta fui ultrapassado ainda dentro do rio e quando saí já tinha uns 30 metros para recuperar.

Ainda recuperei um pouco a desvantagem na última subida final mas insuficiente para chegar ao 2º lugar.

Como estava folgado de tempo antes de atravessar a meta tirei os ténis e o relógio, Porquê? Bem é só ver abaixo...
A chegar à meta (Foto de Julie Schmidt)
E pronto no final deu um 3º lugar da geral, tal como em 2014, numa prova onde não me senti muito confortável (cansaço ou provamente falta de pernas para ritmos altos).

Mas foi giro e deu para rever gente amiga!

Mas pera... se o título diz "Parte I" qual é a II? Vai sair dentro em breve ;)